O enfoque da cesta de bens e serviços territoriais aplicado à análise das agroindústrias familiares e suas especificidades alimentares no extremo Oeste Catarinense

Conteúdo do artigo principal

Daniela Lauermann
https://orcid.org/0000-0002-1528-8700
Adinor José Capellesso
https://orcid.org/0000-0002-9833-672X
Marcio Gazolla
https://orcid.org/0000-0002-4807-6683

Resumo

Este artigo tem como objetivo articular o referencial teórico da Cesta de Bens e Serviços Territoriais (CBST) com as especificidades das agroindústrias familiares e os seus diferenciais de qualidade dos alimentos elaborados e comercializados nos mercados alimentares. A pesquisa foi realizada na Região do Extremo Oeste de Santa Catarina (AMOESC). Os dados quantitativos provêm de uma pesquisa realizada pela EPAGRI em 2017, e atualizada em 2021 por este estudo. Além disso, utiliza-se dados secundários do Censo Agropecuário de 2017, retirados do Sistema Automático de Recuperação de Dados (SIDRA/IBGE). Os resultados da pesquisa revelam que as agroindústrias familiares estão situadas ao longo de todo o território da AMOESC, o que favorece a articulação de ações coletivas que visam promover o desenvolvimento territorial. A diversidade de alimentos agroindustrializados, o processo artesanal, suas qualidades específicas e a vinculação ao saber-fazer, cultura e história regional são predominantes e potenciais componentes de uma CBST.

Detalhes do artigo

Como Citar
Lauermann, D., Capellesso, A. J., & Gazolla, M. (2022). O enfoque da cesta de bens e serviços territoriais aplicado à análise das agroindústrias familiares e suas especificidades alimentares no extremo Oeste Catarinense . Raízes: Revista De Ciências Sociais E Econômicas, 42(1), 150–167. https://doi.org/10.37370/raizes.2022.v42.786
Seção
Dossiê: Desenvolvimento rural e a Cesta de Bens e Serviços Territoriais
Biografia do Autor

Adinor José Capellesso, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Possui graduação em Agronomia pela Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM/UFPel), mestrado e doutorado pelo Programa de Pós Graduação em Agroecossistemas (CCA/UFSC). Atualmente é professor  no Instituto Federal de Santa Catarina, Campus São Miguel do Oeste.

Marcio Gazolla, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (2002), Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.  Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Campus Pato Branco/PR. Professor Permanente do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR - Mestrado e Doutorado).

Referências

AMORIM, L. S. B.; STADUTO, J. A. R. Desenvolvimento territorial rural: a agroindústria familiar no oeste do Paraná. Revista de Economia Agrícola, São Paulo, v. 55, n. 1, p. 15-29, 2008.

BAVARESCO, P. R.; FRANZEN, D. O.; FRANZEN, T. E. Políticas de colonização no extremo oeste catarinense e seus reflexos na formação da sociedade regional. Revista Trilhas da História, Três Lagoas, v.3, n. 5, p.86-104, jul-dez, 2013. Disponível em: http://seer.ufms.br/index.php/RevTH/article/download/445/245. Acesso em: 10 abr. 2014.

BENKO, G; PECQUEUR, B. Os recursos de territórios e os territórios de recursos. Geosul, v. 16, n. 32, p. 32-50, 2001.

CAMPOS, I. História econômica da colonização do Extremo Oeste Catarinense 1920/1980. Paper do NAEA, n° 319, Belém, dezembro de 2013. 24 p. Disponível em: www.naea.ufpa.br/naea/novosite/index.php?action=Publicacao.arquivo&id=342. Acesso em: 15 abr. 2015.

CAPELLESSO, A. J. Crédito e seguro da agricultura familiar: políticas públicas de apoio à sustentabilidade ou de subsídio a sistemas produtivos de baixa eficiência? 2016. Tese (Doutorado em Agroecossistemas) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016.

CAPELLESSO, A. J. et al. A identificação e ativação de recursos pelos atores: as sementes de uma cesta de bens e serviços territoriais em Anchieta (SC). Raízes: Revista De Ciências Sociais E Econômicas, v. 42. n.1, 2022.

CAZELLA, A. A. et al. A construção de um território de desenvolvimento rural: recursos e ativos territoriais específicos. Redes (St. Cruz do Sul Online), v. 24, n. 3, p. 49-74, 2019. DOI: https://doi.org/10.17058/redes.v24i3.14118

CAZELLA, A. A. et al. O enfoque da cesta de bens e serviços territoriais: seus fundamentos teóricos e aplicações no Brasil. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 16, n. 3, 2020a.

CAZELLA, A. A.; DORIGON, C.; NESI, C. N.; ELOY, L. Sistemas agrícolas e alimentares de famílias rurais: análise da multilocalização familiar na região Oeste de Santa Catarina. Estudos Sociedade e agricultura, v. 28, n. 1, p. 21-47, 2020b. Doi: 10.36920/esa-v28n1-2 DOI: https://doi.org/10.36920/esa-v28n1-2

DALLABRIDA, V. R. Da vantagem comparativa à vantagem diferenciadora: estratégias de especificação de ativos territoriais como alternativa de desenvolvimento. DRd-Desenvolvimento Regional em debate, v. 2, n. 1, p. 104-133, 2012. DOI: https://doi.org/10.24302/drd.v2i1.199

DORIGON, C.; RENK, A. Técnicas e métodos tradicionais de processamento de produtos coloniais: de “miudezas de colonos pobres” aos mercados de qualidade diferenciada. Rev. de Economia Agrícola, v. 58, n. 1, 2011.

ETGES, V. E.; KARNOPP, E. A agroindústria familiar no contexto do sistema agrário colonial no Sul do Brasil. Redes, Revista do Desenvolvimento Regional, v. 25, n. 1, p. 268-283, 2020. DOI: https://doi.org/10.17058/redes.v25i1.14255 DOI: https://doi.org/10.17058/redes.v25i1.14255

FERRARI, D. L., MIOR, L. C., MARCONDES, T., MONDARDO, M. Agroindústrias familiares e construção social de mercados: situação atual e perspectivas a partir do estado de Santa Catarina, Brasil. In: VI CONGRESSO INTERNACIONAL SISTEMAS AGROALIMENTARES LOCALIZADOS, 6, 2013, Florianópolis. Anais... Florianópolis: 2013.

FRANÇOIS, H.; HIRCZAK, M.; SENIL, N. Territoire et patrimoine: la co-construction d'une dynamique et de ses ressources. Revue dEconomie Regionale Urbaine, n. 5, p. 683-700, 2006. DOI: https://doi.org/10.3917/reru.065.0683

GAZOLLA, M. Dinâmica e tipologia dos mercados das agroindústrias familiares: a proeminência das cadeias curtas agroalimentares. Contribuciones a las Ciencias Sociales, n. 68, p. 1, 2020.

GAZOLLA, M. Redefinindo as agroindústrias no Brasil: uma conceituação baseada em suas “condições alargadas” de reprodução social. Revista IDeAS, v. 7, n.2, p. 62-95, 2013.

GAZOLLA, M.; AQUINO, J. R. Reinvenção dos mercados da agricultura familiar no Brasil: a novidade dos sites e plataformas digitais de comercialização em tempos de Covid-19. Estudos Sociedade e Agricultura, v. 29 n.2, p. 427-460, jun/ set. 2021. DOI: https://doi.org/10.36920/esa-v29n2-8

HIRCZAK, M. et al. Le modèle du panier de biens. Grille d’analyse et observations de terrain. Économie rurale. Agricultures, alimentations, territoires, n. 308, p. 55-70, 2008. DOI: https://doi.org/10.4000/economierurale.366

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Sistema de recuperação automática de dados (SIDRA). Censo Agropecuário de 2017, Brasília, 2019a. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo-agropecuario/censo-agropecuario-2017. Acesso em: 17 out. 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Censo agropecuário de 2017: resultados definitivos. Rio de Janeiro: IBGE, v.8, p. 1-109, 2019b. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/3096/agro_2017_resultados_definitivos.pdf. Acesso em: 28 mar. 2022.

KOOP, K.; LANDEL, P.; PECQUEUR, B. Pourquoi croire au modèle du développement territorial au Maghreb? Une approche critique. EchoGéo, n. 13, 2010. DOI : https://doi.org/10.4000/echogeo.12065 DOI: https://doi.org/10.4000/echogeo.12065

KLUG, SANTOS; LIMA. Colonização Européia. Fascículo 3, Atlas geográfico de Santa Catarina. 2018. DOI: 10.5965/978858302152032018102 DOI: https://doi.org/10.5965/978858302152032018102

MARCONI, M. de A; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 8.ed, São Paulo: Atlas, 2022.

MIOR, L. C. Agricultura familiar, agroindústria e desenvolvimento territorial. Colóquio Internacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, v. 1, p. 1-15, 2007. Disponível em: https://nmd.ufsc.br/files/2011/05/Mior_Agriculturafamiliar_agroindustria_e_desenvolvimento_territorial.pdf. Acesso em: 01 abr. 2022.

MOLLARD, A.; PECQUEUR, B. De l’hypothèse au modèle du panier de biens et de services. Histoire succincte d’une recherche. Économie rurale. Agricultures, alimentations, territoires, n. 300, p. 110-114, 2007. DOI: https://doi.org/10.4000/economierurale.2270

NESI, C. N.; DORIGON, C.; BADALOTTI, R. M.; PIEREZAN, S. A transferência de alimentos de agricultores familiares para filhos que moram na cidade: um estudo de caso do Oeste de Santa Catarina. In: Seminário Nacional de Planejamento e Desenvolvimento, 4., 2019, Chapecó. Anais eletrônicos [...] Chapecó: Argos, 2019. 14 p.

PECQUEUR, B. Qualidade e desenvolvimento territorial: a hipótese da cesta de bens e de serviços territorializados. Eisforia, Florianópolis, v. 4, n. 4, p. 135-153, 2006.

PECQUEUR, B. Qualité et développement territorial: l'hypothèse du panier de biens et de services territorialisés. Économie rurale, v. 261, n. 1, p. 37-49, 2001.

DOI : https://doi.org/10.3406/ecoru.2001.5217 DOI: https://doi.org/10.3406/ecoru.2001.5217

PECQUEUR, B. O desenvolvimento territorial: uma nova abordagem dos processos de desenvolvimento para as economias do Sul. Raízes: Revista de Ciências Sociais e Econômicas, v. 24, n. 1 e 2, p. 10-22, jan./dez. 2005. DOI: https://doi.org/10.37370/raizes.2005.v24.243 DOI: https://doi.org/10.37370/raizes.2005.v24.243

REITER, J. M. W. et al. Os empreendimentos de agregação de valor e as redes de cooperação da agricultura familiar de Santa Catarina. Florianópolis, SC: Epagri, 2019.

RENK, A. A luta da erva: um ofício étnico no Oeste Catarinense. Chapecó, Editora Grifos, 1997. 226p.

REQUIER-DESJARDINS, D.; SALCIDO, G. T. Sistemas Agroalimentarios Localizados (SIAL) y circuitos cortos en América latina. In: GUIBERT, M.; SABOURIN, E. (Org.). Ressources, inégalités et développement des territoires ruraux en Amérique latine, Caraïbe et en Europe. 2020. p.119–131

SCHNEIDER, S.; FERRARI, D. L. Cadeias curtas, cooperação e produtos de qualidade na agricultura familiar–o processo de relocalização da produção agroalimentar em Santa Catarina. Organizações Rurais & Agroindustriais, v. 17, n. 1, p. 56–71, 2015.

SCHNEIDER, S.; GAZOLLA, M. Seeds and sprouts of rural development: Innovations and nested markets in small scale on-farm processing by family farmers in south Brazil. Constructing a New Framework for Rural Development (Research in Rural Sociology and Development), v. 22, p. 127-156, 2015. DOI: doi.org/10.1108/S1057-192220150000022005 DOI: https://doi.org/10.1108/S1057-192220150000022005

TECCHIO, A. et al. Desenvolvimento territorial no Extremo Oeste de Santa Catarina: a abordagem a cesta de bens e serviços territoriais. Revista Política e Planejamento Regional, v.8, n. 1, p. 1-20, 2021.

VENDRUSCOLO, R.; CERETTA, C.; FROEHLICH, J. M. O queijo colonial da Quarta Colônia, Brasil: entre artesanalidade, informalidade e tipicidade difusa – a persistência ameaçada. In: SUZUKI, J. C.; LAURENT, F.; ARAÚJO, V. B. (Org.). Transições produtivas, agroecológicas e culturais no campo brasileiro. São Paulo: FFLCH/USP, 2019. p.142- 168. DOI 10.11606/9788575063743

WILKINSON, J. Sociologia econômica e funcionamento dos mercados: inputs para analisar os micro e pequenos empreendimentos agroindustriais no Brasil. In: WILKINSON, J.. Mercados, redes e valores: o novo mundo da agricultura familiar. Rio Grande do Sul: Editora da UFRGS, 2008. p. 85-104.

WILKINSON, J.; MIOR, L. C. Setor informal, produção familiar e pequena agroindústria: interfaces. Estudos Sociedade e Agricultura, v.7, n. 2, p. 29 – 45, 1999.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)