Origem e atuação dos movimentos sociais no Alto Uruguai Gaúcho do Rio Grande do Sul
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Resumo
O presente trabalho se configura como a (re)construção da trajetória que marca a formação de um campo de lutas por direitos aos trabalhadores do campo e da cidade na região Alto Uruguai, do Rio Grande do Sul, nas décadas de 1970 e 1980, tendo a influência do setor progressista da Igreja Católica desta região. O objetivo deste estudo foi compreender como ocorreu o processo de criação dos movimentos sociais e a contribuição deles para a organização de um campo de lutas sociais e políticas no Alto Uruguai Gaúcho. Em termos metodológicos, pesquisamos em documentos como atas, relatórios, cartilhas e obras literárias. Para tanto, a pesquisa em Seminotti (2008) foi fundamental, pois trata-se de uma obra que reuniu entrevistas de padres, professores, lideranças, agricultores e operários que revelam esta construção numa perspectiva de análise histórico-crítica. O território em análise é a região Alto Uruguai do Rio Grande do Sul, que, nos anos 1970 e 1980, tinha uma população predominantemente rural, vivendo em pequenas comunidades, em sua maioria de origem europeia com forte religiosidade. Ao final deste estudo, concluímos que os padres progressistas foram determinantes para a formação dos movimentos sociais e a atuação destes contribuiu para a formação de dezenas de lideranças sociais e políticas, especialmente entre os jovens, e para a conquista de políticas públicas para trabalhadores do campo e da cidade.
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