Abastecimento de água em cidades agrestinenses no semiárido brasileiro relações hídricas de diferentes urbanidades sob o mesmo desafio de dessedentação
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Resumo
A disponibilidade hídrica no Brasil ocorre de maneira desigual, especificamente no Semiárido Brasileiro (SAB). Três das maiores cidades interioranas localizam-se no agreste da região Nordeste: Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Feira de Santana (BA). Este artigo apresenta um estudo comparativo, em diálogo interdisciplinar, que analisa registros documentais de trajetórias históricas das três cidades nas relações com as primeiras fontes de abastecimento de água, buscando observar transformações no desafio da dessedentação urbana. Dessa maneira, são evidenciados os percursos de estratégia em comum, caraterizada pela hidrodependência dos sistemas de abastecimento importadores de água. As substituições das fontes de abastecimento de água, historicamente relacionados com as comunidades locais, vivenciaram um progressivo distanciamento, provocando mudanças na perda de centralidade originária dos ambientes de captação, reconfigurando os espaços urbanos, resultando em convívios tolerantes à degradação, redução e/ou perdas de usos pela população. Trata-se de uma reflexão a partir da História Ambiental, enquanto espaços coletivos impactados pela depreciação patrimonial e institucional das municipalidades. Concluímos, portanto, que a insustentabilidade da captação de água intensificada na estratégia de importação hídrica é um grave limite à política pública setorial de saneamento para o contexto do agreste no Semiárido brasileiro.
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