A globalização do açaí e sua influência nas práticas agrícolas de camponeses-ribeirinhos do Baixo Tocantins
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Abstract
Objetivou-se, nesse artigo, compreender as relações entre as práticas de manejo empregadas nos açaizais por camponeses-ribeirinhos da Ilha Guajará de Baixo, Cametá-PA, e os canais de comercialização por eles acessados. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica para aprofundamento no contexto histórico do extrativismo do açaí na Amazônia, entrevistas semiestruturadas e o instrumental metodológico de escalas de sombreamento em açaizais. A pesquisa envolveu agricultores de 16 Unidades de Produção Familiares-UPF e pautou-se na abordagem dos tipos de agricultura de Jan Douwe van der Ploeg. Os resultados revelam que a intensificação das práticas de manejo nos açaizais teve início em 2006, devido à maior demanda do fruto pelos mercados. Nas UPF caracterizadas com pouca sombra nos açaizais, todas as famílias acessaram o PRONAF e comercializam o açaí exclusivamente para intermediários. Em UPF com açaizais em escala de média sombra e muita sombra, predomina o tipo de agricultura camponesa e o acesso aos canais de comercialização: intermediário, feira e batedeiras. O fruto açaí em escala muita sombra apresenta melhor qualidade em relação aos demais e detém preferência das batedeiras, que ofertam o melhor preço na compra. Embora o acesso ao intermediário seja percebido como uma conquista para os camponeses-ribeirinhos, esse canal que se delineia guiado pela lógica dos Impérios Alimentares impulsiona as práticas de manejo intensivo nos açaizais e promove a interação com o tipo empresarial de agricultura. Verificou-se ainda que a pandemia da Covid-19 refletiu na dinâmica de venda, visto que a comercialização nas feiras foi interditada, permanecendo ativos os canais de comercialização das batedeiras e de intermediários.
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