Aquele que dizem que matou o acontecimento, o estranhamento e o desvelar dos espaços sociais de uma comunidade Pantaneira
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Abstract
O impulso à realização deste trabalho foi, primeiramente, o estranhamento diante do universo pesquisado, a comunidade de São Pedro de Joselândia, aproximadamente 170 km de Cuiabá, distrito de Joselândia, município de Barão de Melgaço – Mato Grosso, localizada entre dois importantes rios do Pantanal: Rio Cuiabá e Rio São Lourenço. As comunidades que compõem o distrito (São Pedro, Mocambo, Pimenteira, Retiro São Bento, Colônia Santa Izabel, Capoeirinha e Lagoa do Algodão) são interligadas não somente pela definição geográfica, mas também por uma rede de parentesco (consanguinidade, afinidade e compadrio), que nos permite referenciá-la como campesina, tendo a família e a terra como eixos axiais de seu modo de vida. Na primeira inserção em campo estava ocorrendo a Pareia Pantaneira, uma corrida de cavalos que acontece uma vez ao ano durante o feriado de Independência Nacional. Na Pareia aparecem ainda mais expressivamente elementos de uma sociabilidade agonística. O que no cotidiano pode estar velado, no evento ganha uma dimensão expressiva. Foi durante a primeira viagem de campo, no evento da Pareia, que conheci Manoel Gonçalo Amorim, pouco antes de ele ser assassinado naquele mesmo dia. Os primeiros estranhamentos se seguiram nos anos seguintes ao acontecimento, diante das expressões usadas na comunidade para falar sobre o assassinato acima citado: “aquele que dizem que matou”, ou, “foi um suicídio”. Os códigos acionados por estes agentes sociais que dão significado ao assassinato constituem o objeto de uma etnografia, da qual apresentamos aqui alguns elementos significativos.
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