Carreiras femininas na antropologia desde os anos 1960 reflexões sobre trajetórias de professoras em universidades do Nordeste
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O artigo analisa o material resultante de entrevistas com professoras de antropologia de universidades federais do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, as quais iniciaram sua formação universitária nos anos 1960, assumindo cargos de professoras em fins dessa década e início dos setenta. Fazem parte das primeiras gerações de pós-graduados no Brasil, muitas delas tendo sido alunas dos primeiros professores de antropologia que as incentivaram a seguir carreiras universitárias. Trata-se ainda de mulheres que se profissionalizam nas ciências sociais, conciliando as tarefas da vida universitária com a vida familiar, o que significou uma gestão do tempo que articulava as demandas de aperfeiçoamento da formação com os cuidados rotineiros da casa. As vidas intelectuais dessas antropólogas são interpretadas como projetos existenciais em ciência, colocando-se às narrativas biográficas duas questões: o que a ciência faz à vida daquelas que a produzem e o que a vida fez à antropologia dessas mulheres?
Detalhes do artigo
Referências
CARLI, Sandra. Desconstruir la profesión académica: tendencias globales y figuras históricas. Uma exploración de las biografías académicas de professoras universitárias. Propuesta Educativa, Buenos Aires, n. 45, vol. 1, ano 25, p. 81-90, jun. 2016.
CAVALCANTI, Josefa Salete Barbosa. Memorial. Campos, reflexão e memória. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2010.
CHIANCA, Luciana. “Formação e “Cultura da Avaliação”: dilemas e possibilidades da antropologia na pós-graduação”. Política & Trabalho. Revista de Ciências Sociais. João Pessoa, Ano XXVIII, número 35, p. 169-186, outubro 2011.
COLLINOT, Anne. Raconter ou comprendre la vie savante? In: Adell, Nicolas e LAMY, Jerôme (dir.). S.l.: Ce que la science fait à la vie. Éditions du Comité des travaux historique et scientifique, 2016.
CORDEIRO, Marina de Carvalho. “Você tem tempo?” Uma análise das vivências temporais dos cientistas sociais na sociedade contemporânea. Rio de Janeiro, 2013, 304f. (Tese de Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia/PPGSA-UFRJ, 2013.
ELIAS, Norbert. “Scientific Establishments”.In: ELIAS, Norbert; MARTINS, Hérmónio e WHITLEY, Richard (eds.). Scientific Establishments and Hierarchies. Dodrecht: Reidel, 1982.
FERREIRA, Luiz Otávio; AZEVEDO, Nara; GUEDES, Moema e CORTES, Bianca. “Institucionalização das ciências, sistema de gênero e produção científica no Brasil (1939-1969)”. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 15, supl., p. 43-71, jun. 2008.
LAMPHERE, Louise. “Unofficial histories: a vision of Anthropology from the margins”. American Anthropologist 106 (1): 126-139, 2004.
ORTNER, Sherry B. New Jersey Dreaming. Capital, culture, and the class of ’58. Durham: Duke University Press, 2003.
SANTOS, Vívian Matias dos. “Uma ‘perspectiva parcial’ sobre ser mulher, cientista e nordestina no Brasil”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 24, n. 3, p. 801-824, setembro/dezembro 2016.
SCHIENBINGER, Londa. “Ciência e vida privada”. In: ___. O feminismo mudou a ciência? Bauru: EDUSC, 2001.
SÖDERQVIST, Thomas. “Existencial projects and existential choice in Science: Science biography as an edifying genre”. In: SHORTLAND, Michael e YEO, Richard(eds.). Telling lives in science. Essays on scientific biography. New York: Cambridge University Press, 1996.
SPIRANDELLI, Claudinei Carlos. Trajetórias intelectuais: professoras do Curso de Ciências Sociais da FFCL-USP (1934-1969). São Paulo: 2008. Tese (Doutorado em Sociologia) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade de São Paulo, 2008.