‘O que nós quer é ocupar todos os espaços’ a participação sociopolítica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em conselhos gestores
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Resumo
O cenário de transformações no mundo rural, nas últimas décadas, implicou a heterogeneidade das forças sociais presente no campo, o que gerou um novo olhar sobre as interpretações dos movimentos sociais rurais. O presente trabalho busca apresentar uma análise do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a partir da sua inserção participativa em espaços deliberativos – nesse caso, em Conselhos Gestores do município de Nossa Senhora da Glória-SE –, trazendo uma discussão sobre as motivações, estratégias e disputas nesse campo político, além de ressaltar os processos identitários desses atores sociais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que possibilitou a construção do corpus empírico, a partir da qual se pode destacar algumas considerações sobre a sociabilidade do movimento, as disputas e conflitos, e os processos identitários. Conclui-se que a inserção participativa do MST em conselhos gestores desencadeia processos identitários nos integrantes do movimento que, por sua vez, estão alterando a dinâmica interna tanto dos conselhos quanto a do próprio movimento no que se refere à sua atuação política. Ademais, essa participação sociopolítica do MST é entendida como uma tentativa de permanência e de busca por melhores condições de vida nos assentamentos rurais.
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