Agricultores do sertão paraibano deslocamentos, família e resistências

Conteúdo do artigo principal

Marilda Aparecida de Menezes
https://orcid.org/0000-0001-5815-975X

Resumo

O objetivo do artigo é analisar como os deslocamentos são constituintes das estratégias de reprodução social, bem como das formas de resistência de famílias de agricultores face às práticas de dominação no espaço agrário do Sertão Paraibano. Para desenvolvermos nossa argumentação revisitaremos material coletado em pesquisas que foram realizadas em períodos diferentes, primeiramente na década de 1980 e, posteriormente, retomadas em 2007 até o presente momento. Estruturamos o artigo em três partes. A primeira analisa as relações sociais no Sertão paraibano, as transformações da relação de morada nas décadas de 1970-80, bem como as experiências de deslocamentos de moradores entre fazendas. A segunda parte busca interpretar as narrativas de mulheres e homens sobre a experiência de migrar para a região do ABC Paulista nas décadas de 1970 e 1980. A terceira parte analisará como os deslocamentos têm sido historicamente uma estratégia de reprodução da família e um processo constituinte do território do Sertão Paraibano. Utilizaremos entrevistas e observação etnográfica realizada nos períodos de 1980-84 e de 2007-2020, na microrregião do Sertão de Cajazeiras, Paraíba, na região canavieira de São Paulo e na região do ABC Paulista.

Detalhes do artigo

Como Citar
Menezes, M. A. de. (2022). Agricultores do sertão paraibano: deslocamentos, família e resistências. Raízes: Revista De Ciências Sociais E Econômicas, 42(Especial), 443–463. https://doi.org/10.37370/raizes.2022.v42.801
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Marilda Aparecida de Menezes, Universidade Federal do ABC

Professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unicamp e do Programa em Pós-Graduação em Ciência Humanas e Sociais da UFABC.

Referências

ALMEIDA, G. M. R.; BAENINGER, R. Modalidades migratórias internacionais: da diversidade dos fluxos às novas exigências conceituais. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ALAS, XXVIII, 2011, Recife.

ALVES, F. J. C. Fatores do crescimento das cidades do sertão paraibano. Rio de Janeiro, COPPE/UFRJ, 1978.

ANDRADE, M. C. A Terra e o homem no Nordeste. São Paulo: Livraria Editora ciências Humanas, 1980

COVER, M.; MENEZES, M. A. Estratégias de renda de trabalhadores migrantes e a mecanização da colheita de cana-de-açúcar: um olhar desde o Sertão Paraibano. Estudos Sociedade e Agricultura. v. 28, n. 2, p. 458-475, set 2020. DOI: https://doi.org/10.36920/esa-v28n2-9

COVER, M. “Andar pelo mundo” e “morar no sítio”: migração, trabalho e territorialidade de famílias de agricultores do sertão paraibano. Campina Grande/PB, 2015. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Federal de Campina Grande, 2015.

GARCIA Jr., A. R. O Sul: Caminho do Rocado. Estratégias de Reprodução Camponesa e Transformação Social. 1. ed. São Paulo: Marco Zero/CNPQ/UNB, 1989.

GARCIA Jr., A. R. Libertos e sujeitos. Sobre a transição para trabalhadores livres do Nordeste. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 3, n. 7, p. 6-41, jun. de 1988.

GARCIA Jr., A. R.; HEREDIA, B.; GARCIA, M-F. Campesinato e plantation no Nordeste. Anuário Antropológico. Rio de Janeiro, n. 78, v. 1, p. 267-297, 1980.

LOPES, J. S. L. Entrevista com Moacir Palmeira. Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, ano 19, n. 39, p. 435-457, jan./jun. 2013. https://doi.org/10.1590/S0104-71832013000100017. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832013000100017

MARTINS, J.S. O vôo das andorinhas: migrações temporárias no Brasil. In: J.s.Martins. Não há terra para plantar neste verão. Petrópolis: Vozes, 1986

MEILLASSOUX, C. Mujeres, graneros y capitales. 1 ed. México: Siglo XXI. 1977.

MENEZES, M. A. de. Trabalhadores migrantes em usinas de cana de açúcar: condições de trabalho e práticas de resistência. In. QUARANTA, G.; MASCHERONI, P. (Orgs.). Trabajo agrario y ruralidades en transformación. Cambio social y organizaciones en la ruralidad globalizada. Buenos Aires: CLACSO, p. 93-111, 2020.

MENEZES, M. A. de. Entre a região Nordeste e São Paulo: migrantes e trabalho no período de 1950 a 2010. In: CUTTI, D. et al (Orgs.). Migração, trabalho e cidadania. São Paulo: EDUC, p. 163-184, 2015.

MENEZES, M. A. de. Trabalhadores migrantes: processos de expropriação e reprodução da família. In: MARTINS, R. C. (Org.). Ruralidades, Trabalho e Meio Ambiente. Diálogos sobre sociabilidades rurais contemporâneas. São Carlos: EDUFSCAR, p.155-174, 2014.

MENEZES, M. A. de. Migrações e Mobilidades: Repensando Teorias, Tipologias e Conceitos. In: TEIXEIRA, P. E.; BRAGA, A. M. da C.; BAENINGER, R. (Orgs.). Migrações: implicações passadas, presentes e futuras. Marília: Oficina Universitária. São Paulo: Cultura Acadêmica, p. 21-40, 2012. DOI: https://doi.org/10.36311/2012.978-85-7983-267-3.p21-40

MENEZES, M. A. de. Migrações: uma experiência histórica do campesinato do Nordeste In. Emilia P. de Godoi, Marilda A. de Menezes, Rosa A. Marin (orgs.). Diversidade do campesinato: expressões e categorias. São Paulo/Brasília: UNESP/NEA. v. II, p. 269-288, 2009.

MENEZES, M. A. de. Migration patterns of Paraíba Peasants. Latin American Perspectives, v. 31, n. 2, Issue 135, p. 112-134, mar. 2004. DOI: https://doi.org/10.1177/0094582X03261204

MENEZES, M. A. Redes e enredos nas trilhas dos migrantes: um estudo de Famílias de Camponeses-Migrantes. João Pessoa: EDUFPB. Rio de Janeiro: Relume Dumara, 2002a.

MENEZES, M. A. O cotidiano camponês e a sua importância enquanto resistência à dominação. Raízes. v.21, n. 1, p. 32-44, 2002b. https://doi.org/10.37370/raizes.2002.v21.177 DOI: https://doi.org/10.37370/raizes.2002.v21.177

MENEZES, M. A. Da Paraíba prá São Paulo e de São Paulo prá Paraíba: migração, família e reprodução da força-de-trabalho. Campina Grande/PB. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade Federal da Paraíba, 1985.

NOGUEIRA, V. S. Sair pelo mundo: a conformação de uma territorialidade camponesa. Campinas/SP. Tese (Doutorado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Unicamp, 2010.

NOVAES, J. R.; ALVES, F. (Orgs.) Migrantes. Trabalho e trabalhadores no complexo agroindustrial canavieiro (os heróis do agronegócio brasileiro). São Carlos: EdUFSCAR, 2007.

PALMEIRA, M. G. S. et al. Emprego e mudança sócio-econômica no Nordeste. Anuário Antropológico. Rio de Janeiro. n. 76, p. 207-292, 1977.

PALMEIRA, M. G. S. Casa e trabalho: nota sobre as relações sociais na plantation tradicional (1977). In. WELCH, C. A. et al (Orgs.). Camponeses brasileiros: leituras e interpretações clássicas. v. 1. São Paulo: UNESP; Brasília/DF: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, p. 204-216, 2009.

SANTOS JUNIOR, J. Veredas, Inquietações e Engajamentos: sobre o desafio de “ler” Marilda Menezes. Revista Latinoamericana de Antropologia del Trabajo. n. 7, p. 1-22, enero-julio 2020.

SAYAD, A. A Imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: Edusp, 1998.

SCOTT, J. C. Weapons of the weak: everyday forms of peasant resistance. Massachusetts: Yale University, 1985.

SCOTT, J. C. Domination and the Arts of Resistance: hidden transcripts. New Haven and London: Yale University Press, 1990.

SCOTT, J.C. Formas cotidianas da resistência camponesa. Raízes, v. 21, n. 1, p. 10-31, 2002. https://doi.org/10.37370/raizes.2002.v21.175 DOI: https://doi.org/10.37370/raizes.2002.v21.175

SCOTT, R. P. Famílias camponesas, migrações e contextos de poder no Nordeste: entre o “cativeiro” e o “meio do mundo”. In. GODOI, E. P.; MENEZES, M. A. de; MARIN, R. A. (Orgs.). Diversidade do campesinato: expressões e categorias. Estratégias de reprodução social. São Paulo: UNESP; Brasília/DF: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento rural, p. 245-268, 2009.

SIGAUD, L. Os clandestinos e os direitos. Estudo sobre trabalhadores da cana-de-açúcar de Pernambuco. São Paulo: Livraria Duas Cidades: 1979.

SILVA, M. A. de M. Trabalho e trabalhadores na região do “mar de cana e rio de álcool”. In. NOVAES, J. R.; ALVES, F. (Orgs.). Migrantes. Trabalho e trabalhadores no complexo agroindustrial canavieiro (os heróis do agronegócio brasileiro). São Carlos: EDUFSCAR, p. 55-86, 2007.

SILVA, M. A. de M. Cortadores de cana e os (não) direitos. Travessia: Revista do Migrante. v. 21, b. 61, maio/ago, 2008. https://doi.org/10.48213/travessia.i61.521 DOI: https://doi.org/10.48213/travessia.i61.521

SILVA, M. S. S. Trabalhadores-migrantes nos canaviais paulistas: sociabilidades, condições de trabalho e formas de resistência. Campina Grande/PB. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFCG, 2011.

SILVA, M. S. Entre o bagaço da cana e a doçura do mel: migrações e as identidades da juventude rural. Campina Grande/PB. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFCG, 2006.

SINGER, P. Migrações internas: considerações teóricas sobre o seu estudo. Economia Política da Urbanização. São Paulo: Brasiliense, p. 29-60, 1976.

TARRIUS, A. Territoires circulatoires et espaces urbains: différenciation des groupes migrants. Annales de la Recherche Urbaine, n. 59/60, 1996. DOI: https://doi.org/10.3406/aru.1993.1727

THOMPSON, E. P. A Miséria da Teoria ou um planetário de erros. Uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

WOORTMAN, K. Migração, família e campesinato. Revista Brasileira de Estudos de População, p. 35-51, jan./jun. 1990.