O racismo ambiental enquanto conflito socioambiental e territorial um estudo do assentamento Juazeiro no sertão paraibano

Conteúdo do artigo principal

Maria Carla Laiane Gabriel Alexandre
https://orcid.org/0000-0003-1770-869X
Luan Gomes dos Santos de Oliveira
https://orcid.org/0000-0001-6642-0006

Resumo

O artigo parte da problemática do racismo ambiental em um Assentamento de Reforma Agrária no Alto Sertão da Paraíba, enquanto um conflito de ordem socioambiental e territorial, observando o impacto que raça e classe assumem neste cenário de correlações de forças, num contexto de reprodução das desigualdades socioespaciais, inseridas no problema do acesso à terra, compreendendo a demarcação racial como intrínseca a esse processo. A pesquisa sugere-se qualitativa, configura-se como exploratória, fazendo uso da pesquisa documental com a utilização das legislações, como também o uso da pesquisa de campo realizada no Assentamento Juazeiro, município de Marizópolis-PB. Para coleta de dados, foi estruturado um questionário, com o intuito de contemplar as categorias trabalhadas no decorrer da pesquisa bibliográfica. A base teórico-metodológica voltou-se para a teoria social crítica, que possibilitou uma maior visão e entendimento sobre o fenômeno social. Como resultado, pôde-se constatar que o espaço do Assentamento Juazeiro é sede para algumas expressões do racismo ambiental, da degradação do meio ambiente e de dificuldades vivenciadas desde sua criação com relação à proteção social e ao preconceito.

Detalhes do artigo

Como Citar
Gabriel Alexandre, M. C. L., & Gomes dos Santos de Oliveira, L. (2022). O racismo ambiental enquanto conflito socioambiental e territorial: um estudo do assentamento Juazeiro no sertão paraibano. Raízes: Revista De Ciências Sociais E Econômicas, 42(2), 407–421. https://doi.org/10.37370/raizes.2022.v42.762
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Maria Carla Laiane Gabriel Alexandre, Universidade Federal de Campina Grande

Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal de Campina Grande/ Campus Sousa (UFCG). Atualmente é estudante CNPq e membra do Grupo de Estudos em Educação, Saúde, Sociologia Ambiental e Rural e Ecologia Política - ECOS/CNPq e voluntária no projeto PIBIC/CNPq Ecologia Política e Povo Cigano Calon. Tem interesse em estudos sobre Raça e Gênero, Política de Saúde, Questão Socioambiental e Racismo Ambiental, além dos estudos sobre os Fundamentos Sócio-históricos do Serviço Social.

Luan Gomes dos Santos de Oliveira, Universidade Federal de Campina Grande

Doutor em Educação ( Fundamentos da Educação - Sociologia e Antropologia da Educação) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É formado em Ciências Sociais (UFRN - Licenciado e Bacharel com ênfase Sociologia -Antropologia -Educação), Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Sociologia da Ciência, Sociologia Ambiental e Rural e Ecologia Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), bacharel em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Colaborou como docente convidado do Programa de Mestrado Acadêmico em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal da Paraíba (PRODEMA/UFPB/Campus João Pessoa) lecionando a disciplina de Sociologia (2019, 2020, 2021). Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo, formação de professores/as e práticas pedagógicas - Nupeforp/UFCG. É Coordenador Adjunto de um projeto de pesquisa com aprovação de financiamento em edital universal do CNPq - ?Boas Práticas de Enfrentamento à COVID-19 no Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará?, dentro da Chamada MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit Nº 07/2020 - Pesquisas para enfrentamento da COVID-19, com vigência de 2020-2022. É membro pesquisador associado da Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Ambiente e Sociedade (ANPPAS), membro da Rede de Estudos Rurais. É membro pesquisador da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ABECS). É membro Associado - Colaborador da Associação Brasileira de Antropologia - ABA. Atualmente é líder do Grupo de Estudos em Educação, Saúde, Ecologia Política - ECOS/CNPq. Estuda atualmente fundamentos sociohistóricos-antropológicos da Educação, Educação do Campo, Ecologia Política, Gênero e Populações Ciganas. Publicou o livro "Notícias do Oco do Mundo - Cartas para uma antropolítica da educação" (2020).

Referências

ABREU, Ivy de Sousa. Biopolítica e racismo ambiental no Brasil: a exclusão ambiental dos cidadãos. Opínion Jurídica, v. 12, n. 24, p. 87-99, 2013.

ACSELRAD, Henri. Ambientalização das lutas sociais – o caso do movimento por justiça ambiental. Estudos Avançados, v. 24, n. 67, p. 103-119, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142010000100010

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016, 244p.

Dr. Robert Bullard Father Of Enviromental Justice. Biografia. Disponível em: https://drrobertbullard.com/biography/. Acesso em: 01 de Outubro de 2021.

EFE, Manila. Coca-Cola, Pepsi e Nestlé: as empresas que mais poluem os mares com plástico. Agencia EFE, Manila, 09 de Outubro de 2018. Disponível em: https://www.efe.com/efe/brasil/varios/coca-cola-pepsi-e-nestle-as-empresas-que-mais-poluem-os-mares-com-plastico/50000250-3775922. Acesso em: 02 de outubro de 2021.

FERNANDES, Florestan. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez, 1989.

FILHO, Boanerges de Freitas Barreto; MARQUES, Emanuely dos Santos; LIMA, Daniela de Freitas. Especulação Imobiliária em Cidades Pequenas do Semiárido: o Caso de Uiraúna/PB. In: Congresso Internacional da Diversidade do Semiárido, 2., 2017, Campina Grande-PB. Anais... Campina Grande: Realize Eventos Científicos & Editora, 2017.

GONZAGA, Amilton Vitorino. Conflitos em territórios quilombolas: algumas dicas para o enfrentamento do racismo ambiental. Universidade de Brasília – Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2017.

GUIMARÃES, Antônio Sergio Alfredo. Como trabalhar com “raça” em sociologia. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.1, p. 93-107, jan./jun. 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022003000100008

HERCULANO, Selene. O clamor por justiça ambiental e contra o racismo ambiental. INTERFACEHS Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, v.3, n.1, jan./ abril 2008.

OLIVEIRA, Saul Ramos de; MIRANDA, Roberto de Sousa. Luta pela terra e processo de reforma agrária no Sertão Paraibano. Ciência & Trópico, v. 43, n. 2, p.111-124, 2019. DOI: https://doi.org/10.33148/Cetropicov43n2(2019)art.5

PACHECO, Tania. Racismo Ambiental: expropriação do território e negação da cidadania. Combate Racismo Ambiental, 2008. Disponível em: https://racismoambiental.net.br/textos-e-artigos/racismo-ambiental-expropriacao-do-territorio-e-negacao-da-cidadania-2/. Acesso em 18 de outubro de 2021.

SCOPINHO, Rosemeire Aparecida. Em busca de “elos perdidos”: projeto de assentamento e modos de identificação entre trabalhadores rurais assentados. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, Vol. 12, n. 2, p. 257-270, 2009. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v12i2p257-270

SILVA, Lays Paes e Silva. Ambiente e justiça: sobre a utilidade do conceito de racismo ambiental no contexto brasileiro. In: FERNANDES, Lúcia; BARCA, Stefania. Desigualdades ambientais: conflitos, discursos e movimentos. Coimbra – Portugal: Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra, 2012. DOI: https://doi.org/10.4000/eces.1123

VIANA, Nildo. Raça e Etnia. In: SANTOS, Cleito Pereira dos et al. Capitalismo e questão racial. 1º edição, Rio de Janeiro: Corifeu, 2007.

ZACARIAS, Rachel. A lógica destrutiva do processo de acumulação do capital e a destruição ambiental. Praia Vermelha, v. 19 n. 2, p. 1-170, Jul-Dez, 2009.

ZHOURI, A.; LASCHEFSKI, K. 2010. Conflitos ambientais. Texto inspirado na Introdução do

livro Desenvolvimento e Conflitos Ambientais: Um Novo Campo de Investigação. In: Zhouri,

A.; Laschefski, K. (org.). Desenvolvimento e conflitos ambientais. Belo Horizonte: Editora

UFMG, 2010, p. 11-34.