Latifúndio pecuarista e sesmarial o mito original dos sertões nordestinos e seus limites

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Aldo Manoel Branquinho Nunes
https://orcid.org/0000-0002-0365-4259

Resumo

O presente trabalho propõe uma reflexão teórica a partir de uma revisão bibliográfica realizada no sentido de identificar como, no campo da teoria social brasileira, constitui-se e consolidou-se uma tendência que tem influenciado, de forma dominante, desde o século XVIII, a compreensão do processo de ocupação e povoamento do interior do Nordeste. Tendência que fundamentou (como estou chamando) o mito original dos Sertões nordestinos que se apoia na tese sesmarial sobre a formação territorial e na determinação do latifúndio pecuarista como base constituinte dos processos de ocupação do solo e de conformação das relações sociais que serviram para legitimar, de forma quase que inconteste, o construto teórico ideológico da “civilização do couro”. Essa dominância teórica, de certa maneira, tem acomodado muitos estudiosos do meio rural nordestino, levados muitas vezes a assumirem essa versão como pressuposto e a não se empenharem na realização de estudos com o devido rigor empírico de modo a identificar, ao longo desse processo histórico, trajetórias de povoamento e ocupação do solo diferentes, a exemplo das comunidades quilombolas e de cultivadores livres, que coexistiram, muitas vezes de forma paralela, às iniciativas de desocupação/ocupação comandadas pelo avanço das boiadas e da fundação de currais de gado ao longo do Rio São Francisco e de seus afluentes por sesmeiros e fazendeiros.

Detalhes do artigo

Como Citar
Nunes, A. M. B. (2021). Latifúndio pecuarista e sesmarial: o mito original dos sertões nordestinos e seus limites. Raízes: Revista De Ciências Sociais E Econômicas, 41(1), 1–24. https://doi.org/10.37370/raizes.2021.v41.682
Seção
Artigos

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